OBRA KOLPING DA DIOCESE DE BRAGANÇA-MIRANDA
(Além do Seminário, foi a Obra mais querida, mais desejada e mais apoiada pelo Cónego Folgado)
A - Génese e resenha histórica
Enquanto prestava assistência religiosa aos emigrantes portugueses na missão de Bonna, Alemanha, 1975-1984, o Cónego Folgado procurou conhecer várias obras e movimentos apostólicos, entre os quais Shonestat, Obra Kolping e outros.
Atendendo a que a Obra Kolping privilegiava especialmente a formação integral da juventude (FÉ-FAMÍLIA-TRABALHO-RECREAÇÃO), empenhou-se em conhecer mais a fundo a missão, a vocação e ideal deste movimento de jovens, iniciado pelo padre Adolfo Kolping. Estabeleceu uma relação personalizada com os Serviços Internacionais, com várias casas e grupos Kolping na Alemanha e outros países. Viu nesta obra uma forma de encarnar o Evangelho, sobretudo entre os que mais precisam de ser promovidos e lançados na vida, parecendo o ideal para promover o desenvolvimento da região, contemplando a formação humana, religiosa e profissional dos jovens trabalhadores rurais.
Depois de conhecer bem o carisma da Obra Kolping, procurou transmiti-lo ao Bispo da Diocese, Dom Rafael, que se mostrou entusiasmado e interessado, visitando a sede internacional em Colónia aquando da sua visita aos emigrantes portugueses na Diocese.
Desde então os contactos entre a Obra Kolping Internacional e a Diocese foram constantes e progressivos, formalizados pelo Praeses Internacional e o Secretário Geral da Obra Kolping, requeridos pelo Bispo Diocesano. Vários encontros aconteceram no Paço Episcopal e foram efetuadas visitas às zonas pastorais da Diocese.
Em julho de 1983 realiza-se em Bragança o primeiro campo de férias/trabalho de jovens alemães (8 rapazes e 4 raparigas) da Obra Kolping que realizaram trabalhos de limpeza e conservação no exterior do seminário de S. José. É de referir que sempre o Cónego Folgado procurou ligar os seus trabalhos e obras ao Seminário por considera-lo o coração e Centro Pastoral da Diocese.
Em 1984 continua o intercâmbio com jovens Kolping de Colónia, Bolsano… e o já constituído “Grupo de Dinamizadores da Obra Kolping” das Cantarias: aí funcionou provisoriamente a sede da Obra Kolping, na casa de um dos jovens daquele bairro; é a primeira “Família Kolping”.
Em 1985 instala-se a sede da Obra Kolping na casa do Cónego Folgado, na rua Eng. Amaro da Costa, nº 47, onde começam a trabalhar dois jovens, a tempo inteiro, servindo simultaneamente de lugar de reuniões de jovens e reuniões dos respetivos grupos.
Constitui-se a “Família Kolping” de Picote que começa de imediato a construção da sua Sede, onde é instalada uma oficina mecânica, com máquinas enviadas da Alemanha pela Obra Kolping Internacional, e onde vêm a ser ministrados vários cursos de formação profissional.
Em 1986 institui-se oficialmente a Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda, com estatutos aprovados e homologados pela autoridade diocesana, registados e reconhecidos pelo Governo Civil que lhe confere personalidade jurídica. Obteve o cartão de identificação em 20.10.1986, com a caraterização jurídica de Pessoa Coletiva Religiosa. Ainda neste ano, dão-se os primeiros passos para a construção da Sede Diocesana da Obra Kolping, no Bairro dos Formarigos.
Constituem-se várias “Famílias Kolping” em diversas paróquias nomeadamente as já referidas e as de Santos Mártires, Samil, São Pedro, Alfaião, Gostei, Formil, Santo Condestável, Passos de Lomba…, apoiadas pelos respetivos Párocos e pela Direção Diocesana. Ocorreram várias ações de formação, retiros, recoleções espirituais, acampamentos, viagens, intercâmbios com “Famílias Kolping” de outros países. Conclui-se e é aprovado o projeto do edifício destinado à Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda na avenida das Cantarias, paralela ao IPB.
Em 1987, após uma reunião das várias famílias da Diocese, na Casa do Clero em Bragança, constitui-se por escritura notarial a Associação OBRA KOLPING DE PORTUGAL, com o intuito de alargar a outras Dioceses, inclusive Lamego que vinha fazendo o mesmo percurso com o surgimento de grupos ou famílias, mantendo-se a já anteriormente criada Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda com a sua personalidade jurídica no foro eclesiástico e civil.
Em 1991 ocorre a beatificação de Adolfo Kolping. Estiveram presentes nove membros da Obra Kolping da diocese de Bragança-Miranda.
Em 1992, foi inaugurada a sede da Obra Kolping da Diocese de Bragança – Miranda, na Av. ª Dr. º Francisco Sá Carneiro n.º 366, Bairro dos Formarigos, contando com a presença do Bispo da Diocese, do Sr. Ministro do Emprego e Segurança Social, das autoridades e entidades locais… De referir que a Obra foi constituída em terreno cedido pela Câmara de Bragança, com a ajuda inicial de uma pequena verba (1.500 contos) proveniente da Alemanha, umas ajudas que o Cónego Folgado conseguiu provenientes do exterior, com o apoio da Segurança Social que, para concluir a obra, deu 25 mil contos com a obrigação de partilhar as instalações, por um determinado período, com a ASCUDT para iniciar a sua atividade.
Durante vários anos as reuniões da Direção Nacional eram realizadas em Murça por ficar ao meio do caminho (Bragança -Lamego).
Em 1992, numa reunião muito conturbada e polémica, já nas novas instalações da Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda decide-se “fraudulentamente” a transferência da Sede Nacional para Lamego, a pretexto de contar com “número elevado e muito superior de grupos/famílias”. De referir que Lamego veio em força, os que eram e os que não, para “tomar de assalto” a Obra Kolping de Portugal.
Durante os primeiros anos até 1992, a Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda funcionou por grupos ou “Famílias” com o dinamismo evangelizador próprio da Obra Kolping, congregando pessoas, por norma jovens, promovendo o desenvolvimento segundo os quatro pilares: “Fé-Família-Trabalho-Recreação”.
A partir de 1992 centra a sua atividade apenas no Centro Social agora inaugurado descorando a assistência às “Famílias” que vão definhando paulatinamente, à exceção da “Família Kolping” de Picote, que acabou por subsistir pelo facto de contar com uma estrutura própria e a funcionar em bom ritmo.
A “Família Kolping” de Picote acabou, recentemente, em 2016, por criar a sua autonomia constituindo-se como “Associação” com registo e escritura notarial dos estatutos, ainda que mantendo a designação e o espírito Kolping.
A Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda, na prática, ficou reduzida ao Centro Social a funcionar na Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, n.º 366. Começou a funcionar com acordos de cooperação (CAT e REFEITÓRIO SOCIAL) a 1 de novembro de 1992 com alguns jovens carenciados/desprotegidos.
É digno de referência que na implantação, direção e acompanhamento da obra Kolping da diocese de Bragança-Miranda tiveram papel relevante a Comissão Fabriqueira da Paróquia dos Santos Mártires, o empenho do grupo DOK (Dinamizadores da Obra Kolping) das cantarias e pessoas generosas que deram muito de si, do seu tempo, dedicação e contribuição.
B – A Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda no presente
Em 2017 a Obra Kolping da Diocese de Bragança-Miranda deixou de reger-se por estatutos de carácter Associativo e passou a contar com estatutos próprios de IPSS canónica, conforme modelo da CEP, como foi designada desde a sua constituição, com órgãos sociais nomeados e homologados segundo os estatutos renovados.
Visa essencialmente o acolhimento permanente de crianças de ambos os sexos em que as suas idades vão dos mais tenros meses aos 18 anos de idade, originárias dos vários pontos do Distrito.
Muitas destas crianças trazem com elas graves problemas pois são filhos de pais que as maltratam e as abandonam, de casais desavindos, de progenitores alcoólicos e com outras doenças do foro psicológico.
Algumas das crianças manifestam problemas de comportamento (hiperatividade, agressividade), problemas emocionais, alterações de humor, dificuldades de aprendizagem, problemas de adaptação/integração.
O processo de admissão destas crianças é efetuado a partir do pedido de acolhimento apresentado pelo Centro Distrital de Segurança Social de Bragança, com o qual a instituição mantém um protocolo, pelo Tribunal e pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).
As atividades desenvolvidas na Instituição podem agrupar-se em dois grupos: as diárias e as recreativas ou de lazer.
Relativamente ao primeiro tipo de atividades, estas são bastante estruturadas e condicionadas aos horários das crianças na escola e aos estipulados pela própria instituição, variando a sua execução com os grupos. Outra atividade relaciona-se com o estudo diário. Os momentos de descontração são passados através de atividades livres, tais como ver TV, ouvir música, visualização de filmes, brincadeiras diversas, frequência de atividades desportivas (futebol e kickboxing).
No que respeita a atividades recreativas salientam-se as festas de calendário, para as quias são desenvolvidas representações, festas de aniversário, entre outras. Nas férias escolares, algumas das crianças vão para junto das suas famílias, enquanto as restantes frequentam tempos livres proporcionados por entidades externas.
A Obra Kolping, em Bragança é uma Instituição muito querida e reconhecida por toda a população local.
Bragança, 4 de fevereiro de 2019